sábado, 9 de agosto de 2008

Problemas

Célia gostava de Carlos e queria compromisso, mas Carlos tinha um problema: Via defeito em todas as mulheres com quem se relacionava, defeitos que para muitos não era problema, mas que para ele tornava impossível a convivência. Alta demais, baixa demais, nariz de batata, gorda, magrela, dente encavalado, seis dedos, monocelha.....enfim, tudo era motivo suficiente para desatar qualquer laço mais íntimo, nenhuma das pretendentes parecia estar a altura das suas exigências. Até a marcinha, a menina mais cobiçada do bairro, ele dispensou. "Ela tinha os pés enormes", se defendia, quando criticado pelos amigos. Com a Célia tudo foi pelo mesmo caminho, desde o dia em que se conheceram no bar, apresentados pela Sônia, amiga dele de trabalho e dela de faculdade, que eles começaram a se ver regularmente e um mês depois, Carlos já começava a esfriar os ânimos. Não atendia o telefone, não mandava mais recados carinhosos e sempre saía pela tangente das investidas da garota, àquela altura apaixonada pelo mancebo. Até a Sônia, que não era de se meter, chegou a ligar para ele para perguntar o quê estava acontecendo, pois achava a Célia uma excelente pessoa, bonita, divertida e com intenções sinceras de namorá-lo. Não adiantou, Carlos estava irredutível, desde o dia em que viu aquela mancha nas costas da garota que não conseguia pensar em outra coisa. Tudo bem que ela tinha um dos sorrisos mais bonitos que ele já vira e que sabia de bate-pronto dizer quais eram os cinco primeiros colocados no brasileirão, mas a pinta estragava tudo. Nem era tão grande, coisa de quatro dedos, mas ainda assim era uma imperfeição, algo que ele simplesmente não conseguiria deixar pra lá. Os dias passaram, Célia desistiu e Carlos voltou à sua vida cotidiana, de baladas e relacionamentos sem futuro, até que ele conheceu Ana. Linda, rosto de miss, corpo de bailarina. Inteligentíssima, estudava Fisioterapia e trabalhava como voluntária em uma ONG, enfim, a mulher que ele sempre procurou finalmente apareceu. Se conheceram na faculdade, durante uma cervejada organizada pelo curso dela, onde ele tinha uma prima, amiga dela. Desde aquele dia, foi paixão instantânea e finalmente ele via uma luz no fim do túnel. Teria encontrado sua alma gêmea? Não saberia responder, mas queria acreditar que sim, afinal, nunca sentira nada daquilo por ninguém. Começaram a sair e os dois pareciam feitos um para o outro, gostavam de MPB, filmes com o Al Pacino, sorvete de pistache e Milk Shake de Ovomaltine do Bob´s. Carlos estava radiante, jamais pensara que um dia se apaixonaria tão loucamente por alguém, já fazia mais um mês que se viam todos os fins de semana e ele queria pedi-la em namoro. Mal via a hora de mostrar para os amigos que existia sim alguém perfeito e que ele havia achado e se apaixonado por ela, queria mostrar principalmente ao marquinhos, que espalhava pelo bairro o boato de que ele era gay.Naquele sábado ele a levaria para tomar um chopp e ouvir um samba na Vila, comeriam picanha e ele pediria a ela que fosse sua namorada. Sábado logo cedo ele ligou no celular da Ana e deu caixa postal, ligou na casa dela e a mãe disse que ela tinha saído. Carlos tentou ainda passar na casa dela a noite, levou flores e uma cópia do CD do Chico Buarque que ela tinha pedido, mas foi em vão, não conseguiu encontrá-la em lugar nenhum...

É que Ana tinha um problema...

4 comentários:

Anônimo disse...

O problema...é que todo mundo tem problema né jornaaa!!!

Beijoooo

Anônimo disse...

Concordo...

o problema eh que todo mundo tem problema!


Nice... nice...

xoxoxo,
Mah

Anônimo disse...

O problema é que na verdade ela se chama Carlos Manoel...

Vitor Giglio disse...

Tudo bem se não deu certo...Eu achei que nós chegamos tão perto!