quinta-feira, 15 de maio de 2008

Nomes....

Nomes são apelidos da alma, ou os apelidos são os nomes da alma? Não sei onde ou quando li isso, provavelmente em alguma crônica de Veríssimo ou Prata, e nem qual é a frase correta, mas é fato que certos apelidos dizem mais sobre a pessoa do que seus nomes, do mesmo modo que alguns nomes parecem apelidos. Hoje não falarei sobre apelidos, porquê eles sempre dizem tudo o que querem dizer, sem precisar perguntar. O “Cabeção”, o “Magrelo” e o “Cabelo”, por exemplo, são personagens recorrentes em quase todas as turmas de bar, camping ou quadras de futebol society e suas descrições físicas são tão óbvias que não necessitam de comentários. O fato a que me atenho ao escrever, são de nomes que parecem ser criados para um determinado tipo de estereotipo principalmente na época de infância, na turma de escola, exemplifico: Ana Paula, menininha desengonçada, cabelos cacheados e presos na parte de trás da cabeça com uma “piranha”, olhos grandes, normalmente não tomava partido em turminhas da escola; não era da turma do canto, nem do fundo, nem da frente. Sentava-se no meio, zona apenas de circulação de pessoal que vai do fundo pra frente, de um lado pro outro ou vice-versa. Provavelmente junto com a Márcia, gordinha, ri de tudo, mas se espanta quando alguém percebe. Marcelo é aquele cara gente boa, te chamava pra ir jogar bolinha de gude na calçada, só andava com uma bermuda preta, meio desbotada e tinha uma mãe de voz estridente, que saia na janela e gritava “ Máááá, vem almoçarrrrrr”, fazendo até a menina que estava pulando corda com as amigas do outro lado da rua perder o ritmo e ser chicoteada pela corda de varal nas pernas.

De todos esses nomes, porém, doi são grandes esteriótipos. Um deles é Maria Luiza. Talvez os pais recebam uma iluminação divina quando pensam no nome da futura menininha e só coloquem esse nome nas predestinadas a serem estudiosas. São aquelas que sentam despudoradamente à frente da sala, tem óculos de aros grossos e marcas de expressão permanentes na testa de tanto resolver teoremas e decifrar contos machadianos. O último e mais esteriótipo de todos é Flávio, sujeito bonito, semelhança surpreendente com antigos galãs do cinema. Inteligente, é capaz de traçar um paralelo entre a obra de Van Gogh e a música dos Racionais. Simpático, consegue conversar sobre futebol com seu pai enquanto ensina à sua mãe uma receita de bolinho que só sua avó sabia e que até aquele momento aparentemente tinha se perdido na mudança que seus avós fizeram de Minas para São Paulo. É amigo de todo mundo e só não faz mais sucesso porquê não assobia e chupa cana ao mesmo tempo, por não gostar de cana.

Não concorda? Então esqueça tudo que eu disse...

2 comentários:

ανήρ φιλόσοφο disse...

Sua prosa é envolvente, clara e espirituosa.
Sou um recente leitor de suas crônicas e digressões, sinto apreço por elas.
Li que gostas de jornalismo, percebe-se em seu estilo;
não porque eu seja um especialista,
mas por que és a meus olhos um homem contemporâneo.
Vive nosso tempo, pertence à ele!
Sabor da metrópole em suas narrativas; não se ofendas se eu sentir gosto de chopp e bacalhau, enquanto brilha o caimento de ternos em "happy hours", de voz e violão; bossa nova: É para muitos uma outra forma de belo!Mas é sempre arriscado e indelicado presumir gostos!Ah como e como são diversos!
Podes substituir por café preto, "notebook" e notícias se quiseres.
Definitivamente, um homem moderno...
Prazer em conhece-lo.

Fabio disse...

Po, traçar um paralelo entre Van Gogh e Racionais é foda, hein...hahahahaha... mas faltou falar do esteriótipo de Fábio, aquele cara tímido, mas extremamente inteligente, e que ninguém lembra o nome, mas por algum motivo, todo mundo sabe quem é... hahahaahhaahahah mto bom esse texto, um abraço...