Nomes são apelidos da alma, ou os apelidos são os nomes da alma? Não sei onde ou quando li isso, provavelmente em alguma crônica de Veríssimo ou Prata, e nem qual é a frase correta, mas é fato que certos apelidos dizem mais sobre a pessoa do que seus nomes, do mesmo modo que alguns nomes parecem apelidos. Hoje não falarei sobre apelidos, porquê eles sempre dizem tudo o que querem dizer, sem precisar perguntar. O “Cabeção”, o “Magrelo” e o “Cabelo”, por exemplo, são personagens recorrentes em quase todas as turmas de bar, camping ou quadras de futebol society e suas descrições físicas são tão óbvias que não necessitam de comentários. O fato a que me atenho ao escrever, são de nomes que parecem ser criados para um determinado tipo de estereotipo principalmente na época de infância, na turma de escola, exemplifico: Ana Paula, menininha desengonçada, cabelos cacheados e presos na parte de trás da cabeça com uma “piranha”, olhos grandes, normalmente não tomava partido em turminhas da escola; não era da turma do canto, nem do fundo, nem da frente. Sentava-se no meio, zona apenas de circulação de pessoal que vai do fundo pra frente, de um lado pro outro ou vice-versa. Provavelmente junto com a Márcia, gordinha, ri de tudo, mas se espanta quando alguém percebe. Marcelo é aquele cara gente boa, te chamava pra ir jogar bolinha de gude na calçada, só andava com uma bermuda preta, meio desbotada e tinha uma mãe de voz estridente, que saia na janela e gritava “ Máááá, vem almoçarrrrrr”, fazendo até a menina que estava pulando corda com as amigas do outro lado da rua perder o ritmo e ser chicoteada pela corda de varal nas pernas.
De todos esses nomes, porém, doi são grandes esteriótipos. Um deles é Maria Luiza. Talvez os pais recebam uma iluminação divina quando pensam no nome da futura menininha e só coloquem esse nome nas predestinadas a serem estudiosas. São aquelas que sentam despudoradamente à frente da sala, tem óculos de aros grossos e marcas de expressão permanentes na testa de tanto resolver teoremas e decifrar contos machadianos. O último e mais esteriótipo de todos é Flávio, sujeito bonito, semelhança surpreendente com antigos galãs do cinema. Inteligente, é capaz de traçar um paralelo entre a obra de Van Gogh e a música dos Racionais. Simpático, consegue conversar sobre futebol com seu pai enquanto ensina à sua mãe uma receita de bolinho que só sua avó sabia e que até aquele momento aparentemente tinha se perdido na mudança que seus avós fizeram de Minas para São Paulo. É amigo de todo mundo e só não faz mais sucesso porquê não assobia e chupa cana ao mesmo tempo, por não gostar de cana.
Não concorda? Então esqueça tudo que eu disse...
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Nomes....
Postado por Flávio Faria às 12:18 PM
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2 comentários:
Sua prosa é envolvente, clara e espirituosa.
Sou um recente leitor de suas crônicas e digressões, sinto apreço por elas.
Li que gostas de jornalismo, percebe-se em seu estilo;
não porque eu seja um especialista,
mas por que és a meus olhos um homem contemporâneo.
Vive nosso tempo, pertence à ele!
Sabor da metrópole em suas narrativas; não se ofendas se eu sentir gosto de chopp e bacalhau, enquanto brilha o caimento de ternos em "happy hours", de voz e violão; bossa nova: É para muitos uma outra forma de belo!Mas é sempre arriscado e indelicado presumir gostos!Ah como e como são diversos!
Podes substituir por café preto, "notebook" e notícias se quiseres.
Definitivamente, um homem moderno...
Prazer em conhece-lo.
Po, traçar um paralelo entre Van Gogh e Racionais é foda, hein...hahahahaha... mas faltou falar do esteriótipo de Fábio, aquele cara tímido, mas extremamente inteligente, e que ninguém lembra o nome, mas por algum motivo, todo mundo sabe quem é... hahahaahhaahahah mto bom esse texto, um abraço...
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