sábado, 17 de novembro de 2007

Eu tenho medo de baratas!



Sei que sou homem e que para honrar as cuecas que visto não deveria jamais fazer uma confissão como essa, mas é a pura verdade. Acredito que no reino animal não exista inseto mais sádico que a barata. Furtivas, elas se escondem nas sombras, aparecem do nada e te pegam nos momentos em que você está mais desprevenido, para logo depois sumirem novamente.

Já tive milhares de encontros desastrosos com esses seres e tenho as cicatrizes para provar. Como no dia em que estava no banho, justamente enquanto lavava meu cabelo, permanecendo de olhos fechados e senti um caminhar leve sobre o meu pé. Sem tempo para pensar, com sabão nos olhos e tão ágil quanto qualquer homem sedentário de 70kg, eu rapidamente saltei e ensaiei um “low kick” com minha perna invadida, que bateu contra a parede do Box. Por conta de um leve erro de cálculo na rota de aterrissagem, somado ao agravante de resíduos de “Shampoo” no chão molhado, minha perna de apoio escorregou para frente, a outra perna ainda tentou chamar pra si a responsabilidade pelo equilíbrio, mas já era tarde demais. O choque com o chão do banheiro parecia inevitável, mas não era a pior parte da cena. Naquele momento, meu maior medo era cair em cima da barata, que provavelmente ainda estaria ali, uma vez que a porta do Box estava fechada. Para que isso não acontecesse, em milésimos de segundo, eu estiquei meus braços e usando de toda a minha envergadura corporal, consegui me agarrar com uma mão ao registro de água do chuveiro e com a outra à saboneteira parafusada na parede, que infelizmente não agüentou e cedeu, aumentando a carga do meu peso apenas no outro braço, que por sua vez girou com violência o registro, aumentando a vazão e causando o esfriamento imediato da água sobre o meu corpo ainda meio ensaboado. Por um dos insolúveis mistérios da fisiologia humana, ao ser atingido com um golpe de água gelada meu corpo pareceu adquirir vida própria e em uma série de movimentos que nem eu sei ao certo como foram realizados, em tempo recorde eu já me encontrava sentado na outra ponta do banheiro, ao lado da privada, avaliando os destroços da ex-saboneteira e pensando como a vida é curta e em como de uma hora as coisas podem ficar difíceis.

A barata sumiu, é claro.

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